LUZES E SILÊNCIOS DO DOCUMENTO DE PUEBLA

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Fernando Altemeyer Junior

Resumo

O artigo estuda o documento de Puebla em suas riquezas e silêncios. Procura entender a III Conferencia metida no conflito entre duas correntes teológicas: a da libertação e a da conservação colonial. O silêncio que clama aos céus é a ausência do reconhecimento dos 88 mártires assassinados pelas ditaduras militares de 1968 até 1979. Ainda que Puebla confirme a opção pelos pobres, o fará sempre adjetivando com advérbios e manipulações redacionais a riqueza que fora aprovada pelos 222 participantes sinodais. Esse paradoxo entre o vivido, o dito e o finalmente escrito é possível rever na batalha heroica de bispos profetas como Aloísio Lorscheider, Helder Câmara, Paulo Evaristo Arns, Luciano Mendes, Leonidas Proaño, Luis Bambaren e, sobretudo na vida santa de Oscar Arnulfo Romero. Ao reler a história 40 anos depois conclui-se que evangelizar é papel coletivo do Povo de Deus, e não privilégio da hierarquia católica. Ao assumir os crucificados e proclamar a Ressurreição a Igreja adquire um rosto próprio e fundamental. Ao reconhecer o indígena, o negro, a mulher ela manifesta a riqueza multifacetada do Espírito de Jesus. Essa é a riqueza de Puebla.

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Como Citar
Altemeyer Junior, F. (2019). LUZES E SILÊNCIOS DO DOCUMENTO DE PUEBLA. ESPAÇOS - Revista De Teologia E Cultura, 27(1), 81–89. Recuperado de https://espacos.itespteologia.com.br/espacos/article/view/574
Seção
Seção Dossiê
Biografia do Autor

Fernando Altemeyer Junior

Mestre em teologia, doutor em ciências sociais e professor na PUC-SP

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